sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Brasil: saúde é o que (não) interessa



Portos, Aeroportos, rodoviárias, viadutos, rodovias, melhoria do serviço de transporte. mobilidade urbana, monumentais estádios de futebol que caprichosamente ganharam o nome de "arena". É assim, segundo a concepção do ex-jogador Ronaldo Nazário (fenômeno) que se faz uma Copa do Mundo de Futebol, mas, mesmo que ninguém mais tenha declarado a mesma coisa, a postura assumida pelo governo federal também revelou o mesmo pensamento, a julgar pelo tamanho do investimento feito no evento, cerca de 26 bilhões, e nem adianta a conversa fiada que ninguém engole mais, de que o governo não pagou isso sozinho, que teve participação da iniciativa privada, vira e mexe, coisa e tal.

De fato houve investimento por parte da inciativa privada, mas muito pequeno em relação ao montante investido. Segundo números do balanço oficial, foram investidos  25,6 bilhões de reais entre obras de estádios e infra-estrutura. Deste valor, 83,6% saíram dos cofres públicos, sendo que apenas 4,2 bilhões de reais são da iniciativa privada.

A maior parte dos gastos foi feita para o transporte e aeroportos. Somadas, as obras de vias e transporte público e dos aeroportos dá 60,1% dos investimentos. São 33,6% (ou 8,6 bilhões de reais) com transporte terrestre e 26,5% (6,8 bilhões de reais) com o transporte aéreo. Os portos ainda somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto a infraestrutura das telecomunicações receberam 1,4% dos investimentos. Estes foram os gastos que ficarão como legado após o torneio.

O segundo maior gasto foi com os estádios. 27,7% dos 25,6 milhões de reais foram investidos nas reformas e construção dos 12 estádios do Mundial, totalizando 7,09 bilhões de reais. Outros 7,3% foram utilizados para segurança pública, enquanto o turismo recebeu 0,8%.

A saúde pública não foi contemplada com nenhum quinhão desse bolo, afinal, jogadores, dirigentes não iriam precisar de hospitais públicos e prontos socorros.

A situação da saúde pública no Brasil vai de mal a pior. Não bastasse a falta de médicos, de medicamentos e de hospitais, agora a situação das ruas se complica. O atendimento às ocorrências, principalmente as de trânsito estão ficando cada vez mais escassos, e o motivo é: falta de macas. Isso mesmo, falta de macas. Até o SAMU (Serviço de Assistência Médica de Urgência) que existe pra socorrer o povo em acidentes urbanos já está tendo essa função prejudicada, já que, ao prestar socorro, leva a vítima para os pronto socorros e, ao chegar lá as macas ficam presas dentro dessas unidades exatamente por que não existem macas suficientes, os corredores já estão lotados e as macas do SAMU ficam retidas. Certamente uma maca custa bem menos que uma torneira dos vestiários nesses estádios. 

Sem dúvida, ao contrário dos que apostavam contra, a Copa foi um sucesso, e saiu melhor que encomenda, mas esse sucesso acabou encortinando a cara de um Brasil com graves problemas sociais e muitas mazelas. Enquanto investiu-se altas cifras nos vestiários das arenas esportivas, nos hospitais públicos faltam médicos, medicamentos, materiais cirúrgicos e até macas, e esse é o Brasil real.


o suntuoso vestiário da arena Beira Rio. Um luxo só



Não concordei com os que se levantaram, ainda que de forma tardia, contra a realização da Copa no Brasil, e concordo, em gênero, número e grau com a incontestável verdade de que realizamos uma das maiores e melhores Copas até agora, mas isso não me tira o senso crítico de ver que por trás de tudo isso existe um outro Brasil para o qual o próprio governo e seus dirigentes vaidosos fecharam os olhos fazendo do ôba-ôba do sucesso uma grande cortina de fumaça que encobriu durante o evento as mazelas de um País emergente do ponto de vista econômico, e completamente reprovável do ponto de vista político. 

É assim que estou vendo as coisas e, evidentemente muitas pessoas não pensam assim. Então que se manifestem, usem seus melhores argumentos.

Até outra.


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paulochancey@gmail.com

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ideologia: quem é que manda no circo?


Segundo as definições mais apropriadas encontradas nos dicionários, Ideologia é uma ciência de formação de ideias, um tratado sobre as faculdades intelectuais; o.conjunto de .ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época, sociedade (ex.: ideologia política).

Pois muito bem, sendo assim, onde o amigo leitor acha que se encaixa essa definição lexical da palavra ideologia na prática política atual?

A prática política atual na formação das coalizões políticas visando mandatos eletivos é qualquer coisa de causar asco e indignação. Os candidatos não procuram identidades ideológicas nas pessoas e partidos, mas garimpam minutos e segundos no horário eleitoral gratuito e contabilizam votos de legenda para o coeficiente eleitoral e já antecipam os futuros eleitos.

A desconexão é tão flagrante que os grupos políticos se formam sem qualquer escrúpulo, sem dar a mínima importância para históricos desabonadores dos integrantes, rusgas de um passado não muito distante dão lugar a novos abraços, tapinhas nas costas e sorrisos amarelos para publicidade e palanques, e os punhais da traição são temporariamente embainhados, até que todos se acomodem nos mandatos ou aguardem a nova contenda para escolherem para que lado correr. Basta voltar um pouquinho  no tempo – que tal a última eleição? -  para saber de que lado estavam os protagonistas desses espetáculos eleitorais.

Infelizmente essa é uma prática que acabou se institucionalizando em função da omissão do cidadão, do eleitor que mesmo reclamando da classe política, não muda sua própria postura e de critérios na hora de escolher os candidatos a representantes do povo.

Já dizia um falecido amigo meu que “Se tamanho fosse documento, o elefante era o dono do circo”, e o que ele queria dizer com  isso é que não adianta ser grande se não tem consciência da força que tem. E assim como é o elefante, tem sido o povo, grande, forte, mas dominado.

Qual a ideologia do PT, que nasceu para defender os interesses dos trabalhadores, e agora defende os interesses do governo, ou seja, o patrão.

Qual a ideologia do PCO, que nasceu com sigla e significado diferente, mas que defende as mesmas causas da classe trabalhadora, ou operária, como queiram, mas que também está reivindicando o posto de patrão lançando candidato a presidência da República.

É impressionante como agremiações políticas de diferentes ideologias, algumas até antagônicas, juntam-se sem qualquer pudor moral em busca de mandatos.

O falecido cantor Cazuza resumiu muito bem em sua música essa prática política: “Ideologia, eu quero uma pra viver”.

Até outra.

CONTATO
paulochancey@gmail.com

domingo, 24 de agosto de 2014

Retomando as atividades de comunicação, começando por aqui

Olá, amigos

Desde a última postagem lá se foi um ano. Durante esse intervalo muita coisa aconteceu, inclusive, uma guinada na minha vida pessoal e profissional. Hoje encontro-me com residência fixa em Juazeiro, no Estado da Bahia (exatamente desde a última postagem), onde já estavam minha esposa e filhos.

Juazeiro ainda é um terreno onde devo pisar com cuidado por não conhecê-lo e onde não sou conhecido, ao contrário de Maceió-Alagoas, onde conheço bem as pessoas, a política e os políticos, estradas, avenidas, ruas, becos e vielas.

Foi um decisão difícil, mas o trauma de ter que tomá-la já foi ultrapassado, afinal, tive que abrir mão de tudo o que fazia na minha terra, tanto na área de gestão pública, quanto na área de comunicação, onde atuei no rádio e na televisão, para vir me instalar em um lugar sem qualquer probabilidade de dar continuidade a essas atividades, pois, por mais que esteja me familiarizando com o lugar, com as coisas e com as pessoas, ainda sou um ilustre desconhecido, e o tempo é o melhor conselheiro e consolo, e ele dirá o que vai acontecer.

No momento encontro-me envolvido com o segmento da educação, e por mais diferente que possa parecer de tudo o que já fiz, é algo que tem me fascinado e pelo que estou apaixonado e fazendo com amor, sobretudo porque agregar valores significa exatamente isso, somar coisas e experiências novas àquelas já existentes e indissociáveis.

Mas a veia jornalística continua latente e precisa continuar pulsando, e para isso, mister se faz que eu retome, ainda de que de forma gradativa o gosto pela atividade, e por isso resolvi reativar o blog, entretanto para trazer temas, comentários, entrevistas, fatos e notícias preferencialmente relacionados com a região do Vale do São Francisco.

Vamos em frente.