quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cecy Cunha e Rodrigo Cunha: Uma tragédia, um legado, e uma missão.

16 anos depois da brutal tragédia familiar, Rodrigo Cunha é eleito o deputado estadual em Alagoas



Era o dia 16 de dezembro de 1998, um dia solene e de muita alegria para todos os que lotavam o auditório do Fórum Desembargador Jayron Maia Fernandes, no bairro do Barro Duro, em Maceió.

Era o dia da diplomação dos candidatos eleitos para os cargos de governador, senador e deputados estaduais e federais, e entre os federais estava a deputada Ceci Cunha, de Arapiraca, que havia sido reeleita com expressiva votação, e a renovação do seu mandato havia deixado a todos da família muito felizes. O que eles não contavam, no entanto, é que aquele mesmo dia de tanta felicidade seria marcado para sempre na vida da de todos como o dia mais triste de suas vidas.

A deputada Ceci Cunha havia saído da cerimônia de diplomação e se dirigia para o bairro da Gruta para visitar sua irmã que acabara de dar a luz. Ela não sabia, mas, desde lá, assessores do também deputado Talvanes Albuquerque, que fora derrotado nas urnas da mesma eleição, e teria ficado na sua suplência, estavam seguindo.

Ao chegar na casa de sua irmã, a deputada sentou-se na varanda para uma conversa em família com seu esposo Juvenal Cunha, a senhora ítala Maranhão e seu filho Iran Maranhão. Todos estavam felizes, conversando, sorrindo, quando foram surpreendidos por homens fortemente armados com armas de grosso calibre que, sem nada perguntar, começaram a atirar, e em poucos segundos, todos estavam mortos, brutalmente executados. Cecy Cunha morrera sentada, com uma flor rosa no colo. A tragédia ficou conhecida como a “Chacina da Gruta” e teve repercussão nacional e internacional.

O deputado Talvane Albuquerque, médico e dono de um hospital psiquiátrico em Arapiraca chegou a assumir o mandato como suplente de Ceci, no início de 1999, mas logo viria a perdê-lo por quebra de decoro parlamentar, pois, a essa altura, as investigações policiais já comprovavam o seu envolvimento com pistoleiros assalariados.

Foi um crime que abalou o Estado de Alagoas, chocou o Brasil e o mundo, tamanha a violência e sordidez com que foi planejado e a frieza com que foi executado.
Ceci Cunha tinha 49 anos, e iria para o seu segundo mandato, e estava muito feliz com isso. Segundo depoimentos de sua irmã, sobrevivente da chacina, um dos assuntos da conversa na varanda da casa era sobre filhos. Cecy falava de seus dois filhos Rodrigo e Adriana, à época ainda adolescentes.

A vida seguiu, em meio a muita dor, tristeza, saudades, mas Rodrigo e Adriana não descansaram enquanto não viram os culpados punidos, e depois de muitas idas e vindas, recursos protelatórios, e conflitos de competência, finalmente, depois um julgamento que se arrastou por três dias, Talvane Albuquerque (autor intelectual) e seus assessores (autores materiais) foram condenados a penas que somam 475 anos, dos quais 105 atribuídos ao ex-deputado.

Hoje, Adriana é médica e Rodrigo advogado, constituíram suas famílias, e, apesar de sua relutância, e depois de alguns anos dedicados ao exercício da advocacia, tendo, inclusive exercido o cargo de Superintendente do Procon no atual governo estadual, estimulado e apoiado pela família e amigos, Rodrigo aceitou o desafio de ingressar na política, lançando-se candidato a deputado estadual, tendo sido eleito com mais de sessenta mil votos. Claro que o fator comoção acabou contribuindo, mas o Rodrigo, além de ser um competente profissional, é pessoa muito bem conceituada, carismática, já tem relevantes serviços prestados a população desde que dedicou-se à causa da defesa do consumidor, enfim, tem todos os predicados dos quais o meio político anda tão carente na atual conjuntura.

Pessoalmente não o conheço ainda, mas isso não é um impedimento para que eu, como os mais de sessenta mil eleitores reconheça nele as qualidades indispensáveis a um representante do povo no poder legislativo. A eleição de Rodrigo Cunha para mim representa um alento, sobretudo quando estamos tão desanimados diante da apatia e antipatia desse Poder, quando o povo anda tão desacreditado nos políticos e desejoso de nomes novos e de credibilidade, e tenho a certeza de que o mandato está bem entregue, e que sua atuação na Assembléia legislativa dará início a uma nova era, despertando nas pessoas esse desejo de renovação de quadros e de mudança de postura política.

Toda essa história, além de chocar e comover a mim, como a todos os alagoanos e brasileiros, também me traz à lembrança uma cena que ficou marcado em minha mente: dias antes do fatídico acontecimento, eu havia encontrado com a deputada Cecy Cunha, numa calçada próximo ao SEBRAE, conversando com dois amigos meus, que me apresentaram a ela. Como estava de passagem, não permaneci na conversa e segui meu caminho. Seria uma cena corriqueira, não fosse o fato de que, no dia do crime, a secretária de um desses amigos com quem a deputada estava conversando, me ligou, dizendo que não estava conseguindo falar com ele, e me perguntou se era verdade que a deputada teria sofrido um acidente. Eram os primeiros boatos que, como rastilho de pólvora, começavam a circular na cidade. Respondi que não estava sabendo de nada, mas que ia tentar ligar para o chefe dela também. Até que consegui. Ele sabia do acontecido, embora sem maiores detalhes. Daí pra frente, todo mundo já sabe o que aconteceu.

É vida que segue, e o agora DEPUTADO ESTADUAL ELEITO RODRIGO CUNHA tem uma nova missão pela frente, na qual certamente terá muito êxito, pois terá sempre o apoio da família, dos amigos, do povo que o elegeu e da sociedade que testemunhará o surgimento de um grande político.

Para ele, tomo a liberdade de deixar aqui como mensagem de incentivo, o texto abaixo:

“Ainda que tenhamos a convicção de que o viés natural do direito são os caminhos que nos levam ao judiciário, não temamos em envergar desafios políticos, pois os grandes juristas não são vistos apenas por suas carreiras, mas também por suas visões políticas e sociais que possam repercutir positivamente no futuro da humanidade, exemplo incontestável disso tivemos em Rui Barbosa que, mesmo tendo sido iminente jurista, de prestígio e notoriedade internacional, que sem perder seus valores éticos e morais, e sem desprezar a ciência jurídica, não se furtou aos desafios políticos, tendo sido deputado, senador, ministro e, em duas ocasiões, candidato a Presidência da República, deixando-nos a todos uma inequívoca lição de que não devemos nos tornar sectários do status e dos lucros, para apenas advogar, ainda que de forma brilhante, porém, exclusivamente em troca de honorários, relegando a último plano os direitos coletivos, reflexão que nos remete ao pensamento filosófico da alemã Hanna Arendt, que diz: [A omissão pela coisa pública e pela coletividade coloca o homem a favor da destruição, e enquanto houver a omissão prevalecerá o autoritarismo, a legalidade residual, a violência e o totalitarismo].

(Paulo Chancey – trecho do discurso como orador do curso de direito)

Parabéns, Rodrigo Cunha.

Parabéns alagoanos.

Deus nos abençoe a todos.


Até outra.

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